sábado, 13 de novembro de 2010

Inexplicável



Sentia fortemente seus gritos em minha cabeça. Seu chamado quase soletrado, implorando por compreensão. Era inevitável não perceber que ele queria me ver, e muito mais do que isso, uma palavra, um gesto, uma explicação que lhe desse o sorriso que ele nunca teve. O vento de fim de estação é geralmente muito forte perto de Londres. Muito singelo e alternativo para o relógio que avisa com precisão a data hora que ele realmente precisa de mim. Não tenho o que me preocupar com o por do sol. Com um lugar que criei e que é apenas nosso ninguém mais conhece, ninguém além de mim. Indescritivelmente belo, e inexplicavelmente perto, eu vejo meu reflexo. Fico presa no espelho como uma lembrança, como uma força bem maior do que nos dois, bem maior do que o meu limite de viver, de certa fragilidade que para mim é impossível vencer. Gosto da sensação quando ele me olha. Quando simplesmente decidi sorrir e me trazer flores. Gosto da sensação quando ele me toca, e o arrepio sobe a cabeça e desce como um choque. Gosto quando o coração dispara, quando cai uma lágrima e ele se fingi de meu herói. Gosto quando nossos lábios se encostam e o mundo para e ninguém faz questão de que ele volte. Ao cair do por do sol, tudo volta ao normal. Tenho que correr para casa antes que o meu querido pai acorde e descubra o meu encontro com o Sr. Petterson. Em 1897 a vida não era fácil. Como Herdeira do trono de minha mãe, tinha tamanha responsabilidade no qual não possuía o direito de escolher o marido, ou acreditar na palavra 'amor'. Todo por do sol nascia e a sensação de liberdade dentro do ser em que queria. O meu sonho era dele, e o meu corpo o pertencia. Às vezes ao imaginá-lo como um Deus, achava que era um sonho e que ele não existia. Foi a melhor sensação que senti em toda a minha vida, ele correu em minha direção com uma caixinha de ouro na mão. Repetia incontáveis vezes o que eu sempre quis ouvir, ao uma aliança que me fez muito mais do que sorrir. Prometeu-me amor eterno, e me jurou sua vida como a minha. Meu entregou seu coração e me fez sonhar para sempre e nunca em vão. Ao contar a minha a rainha, incrédula ficou. Contou-me a mais pura verdade que ninguém nunca acreditou. Disse solenemente que havia comprado com joalheiro do reino a aliança e prometida a mim mesma matrimonio, se fingindo de alguém que nunca sequer existiu. Olho me no espelho, e encontro ao meu lado. Não precisava que ninguém o aprovasse ou que me contasse que era a mais pura mentira de amor. Ele existia e eu o sentia. Muito mais só que uma presença viva dentro de mim, mais como um herói que protegia e se fingia de anjo sempre me iluminando. Não preciso que ninguém entenda a minha vida, ao escrevê-la consigo que os outros percebam a sensação e a importância deste sentimento para mim. Eu acredito profundamente que ele existe e nunca ninguém me fará mudar de ideia. Sei que ao acreditar neste fato, fui taxada de maluca e recusada para receber a coroa do reino. Mas como um ser humano qualquer tem direito de escolher, e eu definitivamente escolhi a minha. Perdi o meu sonho, desapontei minha família, e coloquei todo o reino em sofrimento. Às vezes penso se tudo que eu fiz e tudo que eu acreditei valeram mesmo à pena ter acontecido. Sabe costumo pensar que é melhor tomar atitudes em função do bem geral, do que ocorrer a ausência de preocupação, a ausência de importância e de certo amor Tudo tem um motivo, sei disso. Mas não deixo de pensar que fui responsável por milhares de guerras e sofrimentos na Inglaterra, e sinceramente não queria isso. Foi uma escolha, e não chego por completo me arrepender. Mas sinto muito pelo o que fiz, sinto muito pelas milhares de pessoas que sofreram e acreditaram em uma esperança que nunca existiu. O amor é o ápice das loucuras. É o mais profundo poço que ninguém consegue chegar ao final. É a mais bela melodia, a representação perfeita do inabalável e do inatingível. É a flor mais rara e mais difícil de morrer. É uma presença viva dentro do seu ser. Muitos procuram a vida inteira alguém que tire suas dúvidas e faça simplesmente seu mundo parar. Muitos acham que encontraram mais descobrem com o tempo que era só ilusão. O amor não é uma imagem, nem muito mesmo uma forma de caráter. É o jeito certo de ser, que nasce em todas as pessoas, mas só poucos têm a consciência de perceber. Muitos não acreditam na sua outra cara metade, e apesar da minha época demonstrar este fato não evitei, nem muito menos coloquei em minha cabeça aquilo que meu coração não acreditava. Mas ao perceber tudo que fiz e tudo que passei considero-me uma grande vitoriosa. Não sei ao certo como ele surgiu em minha cabeça, mas acredito nele e tenho certeza de que será pra sempre esse meu grande amor.







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